Artigo

Igualdade de Gênero no contexto esportivo

Por Icaro Schultze

Professor e ativista esportivo
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Bonjour! Comment ça va? O ano é 1941, Segunda Guerra Mundial, Alemanha Nazista prepara uma invasão a União Soviética. Estados Unidos ainda nem entraram na Guerra, mas Pearl Harbor ocorre em dezembro, prosseguindo com a catástrofe que vocês já conhecem. Se situaram? Pois então. Em 1941, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) emitiu um decreto de lei proibindo as mulheres de praticarem esportes, principalmente o futebol, com a justificativa de que são atividades exclusivamente masculinas. Decreto-Lei nº 3.199 de 14 de abril de 1941: “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país.”

A Guerra foi consequência de uma busca por superioridade na imposição. No Brasil, homens impediram que uma parte importante da população pudesse praticar esportes, por conta de um pensamento sexista. No fundo, a base é a mesma. A ideia é a mesma. A Guerra terminou oficialmente em 2 de setembro de 1945. Esta lei esdrúxula, imposta em meio ao caos, perdurou até o ano de 1983. Gente, 1983. Foi ontem. Como termos uma discussão sobre igualdade sem entender que ontem as mulheres não podiam, por lei, praticar esportes?

É sempre importante entender os contextos. Somos seres humanos, conscientes, e... preconceituosos! Criamos conceitos sobre tudo e sobre todos, baseado naquilo que vivenciamos e que foi vivenciado pelos que nos cercam e que vieram antes de nós. Nascemos com os preconceitos já criados por quem conviveu anos em uma sociedade completamente desigual. Por isso, a luta é por respeito, inclusão, incentivo, inserção, estímulo e geração de conhecimento, para quebrarmos as barreiras de uma sociedade moldada por escravocratas misóginos que detinham o absoluto poder.

Agenda 2020 e o legado Olímpico:
Em 2014 o Comitê Olímpico Internacional (COI) lançou uma agenda para os próximos ciclos com 40 diretrizes, buscando fortalecer os valores olímpicos, aumentar a eficiência e eficácia do Movimento Olímpico e garantir a sustentabilidade dos Jogos Olímpicos. Essas agendas representam um compromisso do COI em tornar os Jogos Olímpicos cada vez mais relevantes e sustentáveis, e garantir que eles continuem a inspirar e unir pessoas de todo o mundo.

Item 11 da Agenda 2020: Promover igualdade de Gênero. Houve um trabalho intenso para aumentar a participação feminina nos Jogos Olímpicos. O resultado é que em Tóquio, 48,8% dos atletas eram mulheres. A proposta é igualar já em Paris. Desde 2018, todas as edições dos Jogos Olímpicos da Juventude são igualitárias em questões de gênero. É um avanço, mas não basta. O COI vem trabalhando para um aumento da representação feminina na governança. No Brasil, temos pela primeira vez uma ministra mulher comandando o esporte nacional, Ana Moser, ex-atleta e ativista na luta contra desigualdades através do esporte. Hoje as mulheres representam 38% dos membros do COI, contra 21% em 2013. Além disso, há um projeto de revisão da Igualdade de Gênero com 25 recomendações em diversas áreas. Finalizando, o COI apoiou o lançamento da Iniciativa de Esportes Femininos para a Geração de Igualdade da ONU.

Paris, que é comandada por uma prefeita mulher, Anne Hidalgo, se prepara para os Jeux Olympiques mais igualitários da história.

“A França quer que os Jogos Olímpicos sejam exemplo para o mundo, em todos os campos. Com relação à igualdade, quer que isso ocorra entre homens e mulheres na participação dos atletas, também os paralímpicos”, afirma Brigitte Collet, embaixadora da França no Brasil. Que assim seja. Au Revoir!

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